Djalma Santos foi um dos maiores jogadores do Brasil, sem dúvida. E um dos melhores na posição no mundo em todos os tempos. Isso todos sabem. Mas, nos últimos meses, incumbido de escrever um livro sobre ele, descobri um ser humano muito maior do que o jogador.
Djalma sofreu demais na infância chegando a morar num porão da Zona Norte em São Paulo. Depois, no auge da carreira, foi recebido pela Rainha Elizabeth no Palácio de Buckinghan. As duas histórias ele me contou do mesmo jeito. Rindo da vida. Entrevistei muita gente para falar sobre ele. E todos iniciavam rindo e falando de uma passagem hilária. Sim, ele está entre os melhores jogadores. Mas, talvez seja o maior gozador que já passou pelo futebol.
E as “vítimas” não ficavam com bronca. Ao contrário, gostavam cada vez mais dele. Pelé, ainda garotinho, pediu a Djalma que o ajudasse a se aproximar do bravo Zito. E o debochado Djalma avisou, que isso só seria possível, chamando-o de Chulé. O menino Pelé só não apanhou porque fugiu, quando falou o apelido odiado por Zito. E ainda ouviu de Djalma uma reprimenda, na frente do volante. “Você tem que respeitar os mais velhos, menino”.
Com Pepe, nos fantásticos clássicos Palmeiras e Santos dos anos 50 e 60, além da marcação dura, as gozações eram constantes. Djalma lembrava a Pepe que o cabelo dele estava caindo. Pepe respondia que o nariz dele, Djalma, parecia de ferro. Isso com bola rolando até no histórico 7 a 6. Djalma curtiu muito a vida. Ainda no final do ano passado batia sua bolinha com a garotada de Uberaba. E aceitava, triste, mas com resignação, o esquecimento que outros do seu tempo, pelo mundo afora, não tiveram.
A morte dele me chocou. Porém, sei que a vida desse grande homem foi muito válida e bem aproveitada. E a boleirada do céu é que perdeu o sucesso. Essas horas ele já deve estar contando piada para o “compadre” Canhoteiro. E lembrando a Mané Garrincha, que ele tinha “Cara de Lata”. Não é porque mudou de lado, que Djalma vai mudar de jeito.
Fonte: Blog do Flávio Prado
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