O Douradense Lucas Leiva tem feito da obstinação um companheira fiel desde que trocou o Grêmio pelo Liverpool, em 2007. No início, enfrentou a desconfiança de uma torcida que tem problemas para encarar uma nova realidade baseada em fracassos, distante do passado vitorioso. De bode expiatório, com direito a vaias e protestos, O volante brasileiro se transformou em ídolo e xodó liverpudiano. Seu desafio agora, é deixar para trás uma sequência de lesões que abalou tanto mente como corpo.
‘’Foi muito duro para mim ficar tanto tempo longe. Foram duas lesões que deixaram preocupado em que me fizeram pensar se havia alguma coisa de errado com meu corpo. Precisei trabalhar muito a cabeça porque tudo aconteceu num momento bom no Liverpool e em que eu vinha ganhando uma boa sequência na seleção’’, conta Leiva, que completa 26 anos no próximo dia 9.
Em 1o de dezembro de 2011, o sul-mato-grossense sofreu ruptura dos ligamentos cruzados do joelho esquerdo num choque com o espanhol Juan Mata na vitória do Liverpool sobre o Chelsea, por 2 a 0, nas quartas-de-final da Copa da Liga Inglesa. Perdeu mais do que a oportunidade de participar da única conquista do Liverpool desde 2006: na época, era um dos homens de confiança de Mano Menezes na seleção. O mesmo treinador com quem trabalhara no Grêmio e cuja orientação o ajudara a se tornar o mais jovem vencedor da Bola de Ouro de ‘’Placar’’.
Foram oito meses até voltar os treinos no Liverpool, então de técnico novo (Brendan Rogers, no lugar de Ken Dalglish) e amargando mais uma temporada fora da Liga dos Campeões da Uefa. Em agosto, no entanto, um chute dado no aquecimento para o clássico com o Manchester City resultou numa séria distensão na coxa direita cuja gravidade forçou Lucas a uma semana de repouso absoluto. ‘’Nem podia segurar o meu filho, para se ter uma ideia. A recuperação de lesões no joelho às vezes resultam em problemas musculares, mas ninguém esperava algo tão grave e na outra perna. Queria desparecer’’, conta.
A recuperação, no entanto, acabou tendo efeito colateral positivo para o meia. Torcedores do Liverpool e comentaristas ingleses frequentemente apontam para a ausência do meia com um dos principais problemas enfrentados pelo clube e em especial por Rodgers, que tenta implantar um estilo de jogo mais baseado em toques de bola e velocidade nos deslocamentos. O mesmo sistema usado pelo treinador na temporada passada no modesto e recém-promovido Swansea City e que valeu ao clube aplausos e o apelido de ‘’Swanselona’’. Inclusive depois de uma série de vitórias sobre adversários mais graúdos, como o próprio Liverpool.
‘’Todo mundo admirou o que o Brendan fez no Swansea, sobretudo porque o time jogava sem medo de errar. O treinador fez questão de me tranquilizar desde o início quando chegou ao Liverpool. O apoio dele foi importante na minha recuperação, e além disso o Brendan sabe tudo de futebol. Lembrava até de jogos meus na seleção sub-20’’, diz.
De volta mais uma vez aos campos , Leiva disputou três jogos de uma temporada miserável para o Liverpool. Com 22 pontos em 17 partidas (e apenas quatro vitórias), a equipe está em 12o lugar na tabela da Liga Inglesa a 20 pontos do líder, o Manchester United. Sem vencer o Inglês desde a temporada de 1990/91, a equipe mais famosa da cidade dos Beatles jogará as mãos para o céu se terminar o atual torneio no G4 da Premier League, que é classificatório para a Liga dos Campeões.
Para isso, a sequência de quatro partidas em 12 dias durante o período de natal e Ano Novo (começando com o compromisso deste sábado contra o Fulham, em Anfield) tornou-se crucial para reduzir a distância para a concorrência. Terá importância ainda maior para o meia, cuja corrida para ganhar ritmo não leva em conta apenas a programação do clube inglês. ‘’Conversei com o Brendan e ele sabe que voltar à seleção é um dos meus objetivos em 2013. Ele está me dando oportunidade de jogar com mais responsabilidade na criação de jogadas e na proteção à defesa no Liverpool. Sei que a fila na seleção andou nesse tempo em que fiquei parado, mas também sei que tenho condições de fazer parte do grupo’’, acredita o meia.
Pelo raciocínio de Leiva, o fato de a Liga Inglesa não ter férias na virada do ano pode lhe ajudar a mostrar serviço a tempo de já poder ser observado por Luiz Felipe Scolari no amistoso contra a Inglaterra, em 6 de fevereiro. ‘’Estou à disposição do Felipão e espero mostrar isso nos próximos jogos’’, conclui.
Trajetória
Das escolinhas de base em Dourados, entre elas a do Marajá e Sete de Dourados, Lucas chegou as categorias de base do Grêmio no ano de 2002. Iniciou sua carreira no Grêmio, fazendo sua estreia na equipe no dia 26 de novembro de 2005, na vitória de 1 a 0 sobre o Náutico na Série B. O Grêmio ganhou a partida por 1 a 0 com um gol de Anderson e conquistou o título, com apenas sete jogadores em campo e dois penaltis contra, na que foi a Batalha dos Aflitos, retornando à Série A.
Em 2006 o jogador, que virou titular da equipe, conquistou o Campeonato Gaúcho - que o Grêmio não ganhava desde 2001 - e também ficou em 3º lugar no Campeonato Brasileiro. Jogador de boa marcação e técnica, avançando ao ataque e fazendo gols e assistências, Lucas recebeu da revista Placar a Bola de Ouro de 2006, atribuído ao melhor jogador do Campeonato Brasileiro no ano. Em 2007, ainda pelo Grêmio, Lucas conquistou mais uma vez o Campeonato Gaúcho e foi Vice da Copa Libertadores.
Foi contratado pelo Liverpool, da Inglaterra, em 10 de maio de 2007 - sendo que a transação custou 9 milhões de euros,a qual, na época, foi a tranferência mais cara do futebol gaúcho. De acordo com o site do Grêmio, parte desse valor ficou com o jogador que possui 20% de seu passe.
Nome completo: Lucas Pezzini Leiva
• Clube atual Liverpool
• Posição: Volante
• Data de nascimento: 09/01/1987
• Nacionalidade: Brasileira
• Local de nascimento: Dourados (MS)
• Altura: 1,79m
• Peso: 74kg
• Títulos: Gaúcho (06 e 07)
Fonte: Gazeta MS