sábado, 29 de junho de 2013

Espanha de hoje só perde no ataque para Brasil de 82, diz Zico

Líder de uma geração que inspirou o futebol brasileiro e espanhol, Arthur Antunes Coimbra, o Zico, 60, está otimista com a seleção do técnico Luiz Felipe Scolari na Copa das Confederações.

Em entrevista para a Folha antes de Brasil e Espanha passarem à final, ele afirmou que a equipe brasileira encontrou uma forma de jogar e elogiou as atuações no torneio.
Zico também apontou semelhanças entre a Espanha de hoje com o Brasil da Copa-1982, quando a seleção encantou o mundo mesmo sem ter sido campeã. Ainda analisou as manifestações populares e a atuação do deputado federal Romário.

O Galinho de Quintino, atualmente comentarista do Esporte Interativo, assistiu três jogos do torneio no estádio: Brasil x Japão, México x Itália e Espanha x Taiti, mas não verá a final pois viajou para a Colômbia para um jogo beneficente do argentino Lionel Messi.
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Folha - Qual sua avaliação da seleção no torneio?
Zico - A melhor possível. Jogou, convenceu e ganhou com autoridade. O conjunto tem se sobressaído, e os talentos individuais como Neymar, Fred, Paulinho têm tido boas participações. A seleção aproveitou muito bem o fator casa, procurando o gol desde o início. Isso aproximou o público da seleção, algo que o Felipão sempre ressaltou. Isso foi importante. A seleção ficou distante da torcida nos últimos anos.


Considera essa equipe pronta para a Copa do Mundo?
É difícil prever. Falta um ano. O grupo parece quase definido. O importante é que o Felipão conseguiu dar uma cara para essa seleção.


A geração atual da Espanha diz que se inspirou no Brasil de 1982. O que acha?
Interessante. É uma seleção que se preocupa em entrar em campo e jogar bola. Isso é algo que o Telê [Santana] sempre nos passou. Ele nos mandava jogar. Mas tem uma diferença. O Brasil chegava mais rápido ao gol. Os espanhóis seguram mais a bola, trocam mais passes. O Brasil era mais vertical, fazia mais lançamentos.


O Brasil deveria tentar desenvolver esse mesmo estilo?
O estilo de jogo deles me agrada. Um time que é superior em posse de bola, faz poucas faltas, temos de tirar o chapéu. Mas para jogar dessa forma é preciso ter jogadores com essas características, e nem sempre você tem. Também é preciso adaptá-los. Hoje, não temos essa característica. E o Felipão encontrou um bom jeito de jogar.


O que o Brasil poderia fazer para enfrentar a Espanha?
Uma saída é marcar mais em cima, avançando o time, para tirar a bola. Pressionar e obrigar o time deles a dar chutão. O Brasil tem feito isso no início dos jogos e deu resultado.


Qual sua avaliação sobre a organização da Copa das Confederações?
Os resultados estão aí: estádios cheios, todo mundo prestigiando a seleção. O brasileiro deu uma demonstração do amor que tem pelo futebol. Nosso torcedor está prestigiando o espetáculo. Outras seleções estão sendo bem acolhidas como ocorre com o Brasil quando joga fora de casa. Isso tem ocorrido em meio às manifestações populares, provando que o povo não tem nada contra o futebol.


Você mencionou as manifestações. É a favor?
Totalmente. As manifestações são decorrentes de tudo de errado que ocorre no país. Falo da impunidade, da corrupção, da falta de transparência nos gastos da Copa. Primeiro se anuncia um valor, depois ele é multiplicado por três. Tudo isso gera insatisfação.


Aprova a atuação que o Romário tem como político?
Ele está a par de todos os números. Está falando com muita convicção. Procura demonstrar com números o que está acontecendo. Está correspondendo os que apoiaram ele. Tem de ser assim. Quem elege tem de fiscalizar. Não adianta votar hoje e daqui dois anos esquecer. O brasileiro tem de ser mais atuante e participativo.


Sobre sua carreira, pensa em voltar a ser técnico?
Sim. Estou com disposição. Estou analisando propostas, fui consultado por clubes e seleções. Não tem nada ainda, mas pode ser que em breve pinte novidades.

Fonte: Folha 

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